sexta-feira, 20 de março de 2009

Escola Lumiar

A Lumiar é uma escola diferente das escolas convencionais: ela procura trilhar caminhos novos para a educação, construindo uma nova visão da educação e da aprendizagem e uma prática pedagógica inovadora, coerente com essa visão. Educar é um processo permanente de desenvolvimento humano, que se dá pela aprendizagem (não necessariamente pelo ensino) – e aprender é construir e expandir competências e habilidades.


Mais>>


Sobre o Instituto:

O Instituto Lumiar é uma organização sem fins lucrativos, com sede em São Paulo, SP, e tem o papel de desenvolver a proposta pedagógica das Escolas Lumiar, avalizar que a prática pedagógica das escolas esteja ligada com essa proposta e compartilhá-la, em especial com a rede pública, através de parcerias e contratos de gestão. O Instituto é mantido pela Fundação Semco (agora Fundação Ralston-Semler), que é catalisadora de projetos educacionais, ambientais e estratégicos. Seus mentores, Ricardo e Fernanda Semler, acreditam que a educação é uma chave fundamental para o progresso econômico, social e cultural do país. Por isso se envolveram diretamente na criação de um instituto inteiramente voltado para a pesquisa educacional.


Mais>>


Contribuição à educação:

Não se pode ver ou definir as Escolas Lumiar como parte de um movimento de reforma da escola ou da educação escolar; reforma é um processo de mudança que, em geral, tenta mudar uma instituição, ou por incremento ou por substituição. Reformas, portanto, normalmente são incrementais ou parciais e dificilmente avançam além da forma presente da instituição. As Escolas Lumiar são parte de um movimento de transformação da escola. Transformar significa ir além da forma presente, mudando o paradigma (sem, no entanto, perder a sua natureza essencial de ambiente formal de aprendizagem). O câmbio de paradigma se dá na medida em que elas buscam mudanças sistêmicas, isto é, que não são parciais; afetando apenas um dos componentes da instituição escolar e, transformadoras, isto é, que não são incrementais (acrescentando componentes novos a uma estrutura não adequada para absorvê-los ou até mesmo incapaz de fazê-lo).


Mais>>

História da Instituição:
Definição do nome:
Lumiar quer dizer iluminar, trazer luz e brilhar. O nome foi escolhido em virtude de se entender o ato de aprender, de ensinar e de juntar pessoas que querem aprender como um ato de iluminação, totalmente contrário à análise etimológica da palavra aluno – a-lumno: aquele que não tem luz própria. O ato de educar é deixar aparecer a luz dos jovens que estão aprendendo e neste sentido, na Lumiar não há alunos, mas aprendizes, educandos, pessoas que têm luz e que trazem luz ao mundo. A função do educador é criar condições favoráveis para que estas luzes apareçam, se difundam e gerem novas luzes.

Empresa SEMCO e a FUNDAÇÃO RALSTON SEMLER:
A escola surgiu como “resposta” a uma crise na empresa SEMCO, Ricardo Semler (filho de seu fundador, Antonio Curt Semler) foi a peça chave na transformação da empresa que esteve à beira da crise e deu a volta por cima. Procurando o desenvolvimento de seus funcionários, Ricardo Semler percebeu que a grande maioria era totalmente condicionada a esperar instruções e não possuíam uma postura autônoma e pró-ativa – um fruto de uma educação totalmente engessada. Daí a necessidade desta mudança na formação ocorrer no início da vida. O desafio era criar uma escola que lidasse com as questões de responsabilidade, pautada na participação democrática e que formasse cidadãos com competências sociais, intelectuais e culturais.Como meio de participar mais ativamente da sociedade; em 1990 foi criada a Fundação SEMCO (atual Fundação Ralston Semler); a mentora e catalisadora de projetos educacionais, culturais, ambientais e estratégicos.

Instituto LUMIAR:
Após um planejamento de quatro anos, por meio de pesquisa sobre diferentes propostas escolares e seminários com profissionais de diversas áreas, deu-se origem ao Instituto Lumiar. Sua proposta pedagógica foi desenvolvida com o objetivo de multiplicá-la pela rede pública e privada, via projetos específicos e pela criação de novas escolas. De 1999 a 2003, o Instituto Lumiar realizou um projeto piloto e criou um curso de formação de educadores. A Escola Lumiar re-propõe o ato de aprender, repensa o currículo, reorganiza os grupos de alunos, redimensiona a avaliação, abre espaços de democracia, aproxima escola da família e traz novos sentidos do diálogo para a formação do senso ético na escola. Seus princípios filosóficos, pedagógicos e políticos são garantidos e fundados pelo Instituto Lumiar, composto de 25 conselheiros de alto reconhecimento na área da Educação (ministros da Educação, pesquisadores, universitários, pedagogos, psiquiatras, empresários, radialistas entre outros).

Rede de escolas LUMIAR:
A Lumiar hoje se divide em escola particular (Lumiar Bela Cintra em São Paulo e Lumiar Bilíngüe em Lageado) e municipal (Lumiar Lageado). Elas atuam como laboratório pedagógico para o Instituto Lumiar, utilizando seu referencial teórico e princípios norteadores da prática pedagógica. Integram formalmente uma pequena Rede de Escolas e adotam o nome Lumiar como seu “nome fantasia”.
A primeira escola criada foi a Lumiar da Bela Cintra (em 2002 com funcionamento em 2003) que é uma escola particular urbana. Ela é particular porque pertence à Fundação SEMCO, sendo mantida financeiramente pela Fundação e pelas mensalidades dos alunos que podem custear seus estudos. Para os alunos com menos condições financeiras a Fundação oferece bolsa total ou parcial de 80%, 50% ou mesmo mensalidades de R$ 3,00.

A Lumiar do Lageado (EMEIF Antonio José Ramos) é uma escola pública e rural. Ela é mantida pelo poder municipal e subsidiada pela Fundação SEMCO, por meio da parceria que integrou a escola à Rede de Escolas Lumiar. Em 2 de Fevereiro de 2009, também no bairro do Lageado, foi fundada a Escola Lumiar Internacional - uma escola particular bilíngüe (mas não lucrativa) com a parceria de Ricardo e Fernanda Semler (Fundação Ralston Semler) e Flávio e Gláucia Zuffellato (moradores da região há muito tempo).


Tipo de gestão:

A Escola Lumiar se vê e se define como uma escola democrática, não libertária, pois duas das principais características destas últimas é a total liberdade para aprender (que inclui a liberdade de não aprender) e da intervenção dos mestres na aprendizagem dos alunos apenas quando solicitados pelos mesmos. A Lumiar acredita que a escola não pode ter uma atitude puramente reativa e esperar que solicitem sua intervenção, mas que possua uma proposta pedagógica mais positiva, oferecendo um currículo (Matriz de Competências), uma metodologia (Projetos de Aprendizagem), um corpo de profissionais (Mestres que oferecem os projetos e os Educadores que participam da vida dos alunos), uma participação dos pais junto com os educadores (na orientação dos filhos na escolha dos projetos de aprendizagem) e de mecanismos de avaliação (sistemática e periódica dos alunos pelos mestres e pelos educadores).


Público alvo da escola:
As Escolas Lumiar com sua proposta pedagógica inovadora são voltadas para aqueles que não desejam uma educação com foco para a aprovação no vestibular ou para o sucesso no trabalho, mas que contribua para a formação de pessoas conscientes, críticas e responsáveis, que vise à valorização do prazer do saber, da liberdade e da democracia. Por isso sua proposta é a educação como um desenvolvimento contínuo, não apenas do cognitivismo, mas também dos aspectos sociais - propiciando oportunidades diferenciadas para o desenvolvimento da autonomia com responsabilidade e favorecendo o individualismo sem se esquecer do coletivo (ensinando assim a tolerância e o respeito).
Seu alvo é a formação de adultos que conheçam a realidade e que possuam as competências e habilidades para transformar projetos em realidade. De cidadãos atuantes e participativos, profissionais competentes e bem-sucedidos, mas que jamais de esqueçam de que aprender é o destino contínuo e permanente do ser humano.

Mais>>
Proposta Pedagógica:

Para a Lumiar, educar é um processo permanente de desenvolvimento humano, que se dá pela aprendizagem. E aprender é construir e expandir capacidades, tornar-se capaz de fazer o que antes não se conseguia fazer. O foco, portanto, está na construção e expansão, por alunos ativos, participantes e automotivados, de competências e habilidades.

O currículo é uma matriz de capacidades que englobam as expectativas de aprendizagem que a escola tem para os educandos. A aprendizagem se dá de forma ativa, através da solução de problemas, em projetos desenvolvidos a partir dos interesses dos estudantes. A avaliação não se faz por testes, provas, exames, mas sim com base em observações, interações, diálogos com os múltiplos agentes envolvidos no processo; inclusive com o próprio estudante.

A Visão da Educação

A Lumiar vê o ensino como um processo de desenvolvimento no qual nós seres humanos, que nascemos incompetentes, dependentes e incapazes de assumir responsabilidade pelas nossas vidas, tornamo-nos competentes, autônomos, responsáveis e, no devido tempo, alcançamos realização, tanto pessoal como profissional e social.

Esse processo é imprescindível para a sobrevivência não parasítica do ser humano, mas vai além disso. Nós seres humanos temos uma natureza relativamente aberta; que nos permite definir o que desejamos fazer de nossa vida, isto é, o que queremos nos tornar como seres humanos. É por isso que podemos definir ou escolher projetos de vida e alcançarmos realização pessoal que vai muito além da simples sobrevivência.
Embora nasçamos incompetentes, dependentes e incapazes de assumir responsabilidade por nossas vidas, nascemos com a incrível capacidade de aprender: é isso que torna a educação possível. A educação se dá fora da escola, durante a vida toda.

A Concepção da Aprendizagem
Aprender não é simplesmente aspirar e amontoar informações: aprender é tornar-se capaz de fazer o que antes não se conseguia fazer. Essa visão da aprendizagem faz com que aprender seja algo ativo, interativo, colaborativo, etc., relacionado, acima de tudo, ao fazer; não a um fazer mecânico, em que apenas o corpo participa e a mente não tem lugar, mas um fazer consciente, decorrente de tomada de decisão intencional e orientada por propósitos livremente escolhidos.
Nessa visão, aprender, num contexto escolar, não é algo que os professores produzem nos alunos, mas é um savoir-faire que os alunos ativamente constroem; admitidamente, não sozinhos, mas interagindo com os professores e o ambiente e colaborando com seus pares.

O Currículo
O currículo é o conjunto do que os alunos devem ou podem aprender na escola. Essa formulação, contendo esses dois verbos que claramente não são unívocos, já deixa entrever que o termo “currículo” tem, na visão pedagógica da Lumiar, um sentido duplo.
De um lado, o currículo, em seu sentido mais amplo, contém listas extensas e organizadas, de “megacompetências”, competências, com as respectivas sub-competências e habilidades, que a escola espera poder ajudar os seus alunos a desenvolver ao longo dos anos. Nesse sentido mais amplo, o currículo é o conjunto daquilo que o aluno pode aprender na escola.
Não faz o menor sentido esperar que todos os alunos, ou mesmo alguns dos alunos, venham a aprender tudo o que a escola, como ambiente de aprendizagem rico e flexível, oferece. Mas faz todo sentido definir que algumas coisas todos os alunos devam aprender e, até mesmo, que todos os alunos devem desenvolver algumas competências em todas as áreas (megacompetências) em que se organizam essas competências.
De outro lado o currículo, em seu sentido mais estrito, é o sub-conjunto das competências, sub-competências e habilidades que cada aluno, devidamente orientado pelos seus pais e pelo seu conselheiro na escola, tendo em vista seus interesses, talentos, oportunamente e projeto de vida, deve desenvolver. Dadas as diferenças individuais de talentos e interesses, e a diversidade possível e real de projetos de vida, o sub-conjunto de competências de que cada aluno resolve se valer pode ser único para cada um dos alunos. Isso “despadroniza” o currículo pessoal e introduz escolha e, por conseguinte, liberdade na estrutura curricular.

A Metodologia
A metodologia de aprendizagem adotada pela Lumiar é uma metodologia ativa: a Lumiar parte do pressuposto de que a melhor forma de aprender é agindo, fazendo, resolvendo problemas, transformando projetos em realidade. É, portanto, uma metodologia centrada na resolução de problemas através de projetos de aprendizagem.
Essa metodologia se sustenta no princípio de que há várias formas de aprender o que é preciso aprender. A metodologia de projetos de aprendizagem se sustenta também em outro princípio: o de que o melhor projeto é aquele no qual a criança tem interesse e no qual se engaja com prazer. A metodologia de projetos de aprendizagem se sustenta, ainda, em um terceiro princípio: ao aprender uma coisa, freqüentemente aprendemos também outras.
Lumiar não é uma escola libertária, laissez-faire, que deixa os alunos à sua própria sorte na escolha dos projetos que vão desenvolver. Ela é proativa e propõe aos alunos uma gama de projetos pelo menos a cada bimestre. Esses projetos são definidos em função dos interesses dos alunos e têm focos específicos, mas em todos eles os alunos podem aprender muito mais do que o consta do foco específico de cada projeto. Há razoável redundância nas competências e habilidades que podem ser desenvolvidas nos diferentes projetos.

É isso que permite aos alunos escolherem os projetos de que vão participar, mas não o fazem sozinhos, mas com a ajuda dos pais e dos tutores da escola. O registro de seu roteiro de aprendizagem, seu Portifólio de Aprendizagem, sempre mostrará espaços em branco que ainda existem no seu aprendizado, e, com base neles, pais e tutores se engajarão no trabalho educativo de mostrar ao aluno a importância de aprender isso ou aquilo, cientes de que há vários projetos diferentes em que o aluno pode desenvolver as competências e habilidades de que carece.


A Avaliação
A avaliação constante e permanente dos alunos é parte fundamental do trabalho da escola, os alunos são avaliados ao entrar na escola, dentro da escola são avaliados dia-a-dia e semana-a-semana (a “Roda” tem uma função educativo-avaliativa), são avaliados nos projetos, são avaliados ao final do bimestre, são avaliados ao final do ano. É pela avaliação que se constata se estão aprendendo, se estão se desenvolvendo nos múltiplos aspectos em que consiste o seu desenvolvimento.

O Papel da Tecnologia
Na Lumiar a tecnologia é vista como ferramenta para a aprendizagem do aluno, não como ferramenta suplementar de ensino do professor e o foco de seu uso pelos alunos não está no manejo e domínio do instrumento do ponto de vista técnico: isso os alunos de hoje, “nativos digitais”, sabem fazer com naturalidade; o foco de sua utilização está no processo de solução de problemas de interesse dos alunos, no seu emprego para a melhoria da qualidade da aprendizagem dos alunos. O foco, em outras palavras, não está em aprender a usar a tecnologia, mas em usar a tecnologia para aprender.



Filosofia da Escola:


Para o ensino tradicional, a educação é a instrução das crianças pelos adultos, cabendo a estas apenas assimilar aquilo que lhes é ensinado (ao que Paulo Freire dá o nome de “educação bancária”). Porém esta idéia de simplesmente jogar o conteúdo em cima das crianças e depois testar este “conhecimento” por meio de provas é incoerente.

Para a Lumiar, o aprendizado só ocorre quando há alguém ensinando com conhecimento e alguém interessado naquilo que está sendo transmitido. Seus pilares são: liberdade, cidadania e aprendizado profundo. O aluno decide se quer ou não fazer parte de um projeto e depois do aconselhamento pelos educadores e pelos pais, essa decisão é respeitada. Caso o estudante faça a opção por determinado projeto, e, posteriormente, concluir não deseja mais participar dele, poderá apresentar razões que serão julgadas se procedentes. Liberdade esta que é o oposto ao vivenciado atualmente pelas escolas tradicionais. Na Lumiar os estudantes têm direito ao voto quanto às diversas áreas de gerenciamento escolar juntamente com os pais e funcionários da administração local.

Um exemplo clássico e indiscutivelmente democrático se refere á problemas com a disciplina, onde são organizadas assembléias em que os próprios estudantes, orientados pelos educadores e pela direção da escola, propõe “os castigos” ao outro, conforme trecho abaixo:

“Essa assembléia de garotada junta todos, uma ou mais vezes po semana ou quando ocorre um incidente. Uma das primeiras rodas tratou de um menino que havia derrubado a estante de livros. Depois de pensar bastante, acolheram a proposta de um dos meninos de que ele deveria ser amarrado à árvore, lá fora. Boa idéia, acharam os outros. O educador perguntou que árvore seria, com que corda. Todos se entusiasmaram. Foi quando ele perguntou quem avisaria a mãe dele de que ele passaria a noite toda amarrado que decidiram que era melhor ele ficar suspenso de usar a biblioteca por uma semana”.

(pg. 10 – Texto :Pequena Escola de Liberdade)

Apesar de muitas vezes se tornar cômico, as assembléias contribuem em muito para a formação da noção de Diretos e Deveres desses educandos, enquanto auxiliam a gestão cotidiana do ambiente em que vivem.

Há liberdade também para escolher o que estudar, uma prática de cidadania baseada em uma convivência e troca de vivências e uma aquisição de conhecimento na assimilação real daquele aprendizado. E é buscando este aprendizado profundo que foi desenvolvido o Currículo por Mosaico – um sistema onde a criança e o mestre registram o que foi aprendido, tudo o que ocorreu na escola, trabalhos realizados, fotos de atividades e desenhos. Dá-se o nome de mosaico porque o conteúdo e habilidades a serem desenvolvidos pelas crianças durante o período escolar foram imaginados como pequenos cacos em uma mesa.

Apesar de caracterizar uma linha de ensino privado, o grupo de alunos não se restringe a indivíduos de classe alta, a Escola beneficia a comunidade com Bolsas de estudos , o que permite a inserção de variadas classes sociais e contribui para uma maior socialização dentro do ambiente escolar. Há uma grande preocupação na formação de cidadãos. Não há armários para professores, refeitório ou banheiro para uso exclusivo dos educadores. Todos são tratados da mesma, os ambientes são compartilhados, bem como todos os materiais utilizados.

A organização da escola se dá por ciclos, projetos e avaliação contínua (tecnologia intelectual – Mosaico), o que possibilita a gestão do conhecimento e a reflexão sobre seus processos de construção. Neste sistema não há crianças agrupadas por idades, mas grupos de trabalho formados por estudantes de diversas idades, unidos sob um tema de projeto. Não há repetência, nem aprovação, pois há ciclos e não séries. A escola avalia e observa a produção da criança, seja ela coletiva ou individual, registrada no caderno, na lousa, no ClassMate ou no chão. É avaliado seu processo mental nas atividades, seja na escrita, em um debate oral, na leitura de um texto interpretativo, na construção de um painel ou maquete. Todas as avaliações (inclusive as realizadas por meio da observação da educadora) têm o mesmo peso. Seja durante a hora do almoço, no parque ou em outra atividade. Todo ambiente é um momento de aprendizagem e de observação, pois no parque a criança irá construir regras e se relacionará com os colegas, durante a discussão de um tema irá expor suas idéias e opiniões, e no desenvolvimento de um projeto utilizará seus conhecimentos, adquirirá novos e interagirá com o grupo. Não há boletins, mas um relatório do educador com aproximadamente 40 páginas.

Três pilares sustentam a visão democrática proposta pela escola: uma gestão composta por assembléias, comissões e conselhos (integrados por estudantes, educadores, funcionários, gestores e pais interessados), uma diversidade do corpo discente (composto por estudantes de diversas culturas, idades e origens sociais) e a construção dos itinerários de aprendizado sem uma visão de estoque de conhecimento.

O método de ensino da Escola Lumiar busca a formação do indivíduo com conhecimento em diversas áreas e não somente um profissional para o mercado de trabalho. Assim o professor tradicional foi dividido em dois profissionais diferentes: o Mestre e o Educador. O educador é responsável por receber os alunos (cada uma acompanha cerca de 15 a 20), em período integral. Ele é quem acompanha seus alunos durante seu crescimento, ou seja, ele não é substituído a cada ano, mas permanecerá com a criança por toda a sua vivência na escola - diferente do que acontece nas escolas tradicionais, em que são substituídos a cada ano.

A intenção é de que o educador seja uma referência e acompanhe todas as atividades que são realizadas pelos estudantes (pedagógicas e as recreativas) e devem ajudá-los no seu desenvolvimento físico, social, emocional, moral e intelectual.

Exige-se do educador que ele conheça bem as crianças com as quais vai trabalhar, interaja com os pais dos alunos para saber as preferências e informá-los sobre o desenvolvimento e desempenho de seus filhos na escola. Cabe a eles ainda avaliar periodicamente seu desenvolvimento e realização das tarefas. O educador tem o papel de mentor dos estudantes, ouvindo, incentivando e orientando seu aprendizado.

Os educadores, desse modo , se limitam a um número menor de alunos, conduzindo os mesmos através de projetos escolhidos que tem por finalidade aprender o conteúdo de maneira atrativa e interdisciplinar.

Na Educação Democrática o professor atua como orientador dos educandos em seus aspectos social, afetivo e cognitivo; os grupos são pequenos e interetários proporcionando relações, normalmente, impedidas pelas estruturas escolares seriadas. Os educandos escolhem seus itinerários de aprendizagem a partir de seus interesses, na busca de autonomia e autodisciplina”. (http://www.politeia.org.br/Escola+Lumiar)

Os Mestres são os profissionais pedagógicos responsáveis pelo desenvolvimento, planejamento e execução dos projetos (suas vivências partilhadas) que as crianças escolheram. Eles avaliam seu desempenho na realização e se atingiram as habilidades e competências previstas nas realizações das atividades. A Lumiar exige que sejam apaixonados pelo que fazem, para assim despertar a mesma paixão em seus alunos e, para tanto, devem ter domínio pleno sobre o conteúdo que transmitirão a seus alunos. Os Mestres não são necessariamente professores graduados, mas podem ser profissionais de diversas áreas como: carpinteiros, químicos, artistas de circo, biólogos ou pessoas da comunidade. o estudo não é ministrado dentro de uma sala de aula, mas desenvolvido dentro dos projetos de aprendizagem.

Algumas características para estes profissionais são necessárias, como dominarem com competência um conteúdo específico e serem capazes de desenvolver em seus alunos a capacidade de produzir seu conhecimento (para que assim fujam da simples transmissão de conhecimento). Se estiverem presentes: domínio, o foco nos métodos de investigação e motivação, os mestres não devem ter problemas para conseguir que os alunos voluntariamente se disponham a participar de seus projetos. Enquanto os educadores oferecem constância e continuidade, os mestres oferecem mudança e diversidade.

É importante ressaltar que mesmo com toda esta diversidade, a Lumiar pauta seus fundamentos nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tendo seus princípios incorporados aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que deixam claro que a função da escola é auxiliar os alunos a construir as competências básicas necessárias para “o pleno desenvolvimento humano” (PCNs do EM. Vol. I, p.23), e que suas competências básicas (necessárias para o desenvolvimento humano pleno) devem cobrir tanto o desenvolvimento pessoal, profissional e
social (necessário “para o exercício da cidadania”) (PCNs do EM, vol. I, p.23), representadas nos quatro pilares: Aprender a ser (desenvolvimento pessoal), aprender a conviver (desenvolvimento social), aprender a fazer (desenvolvimento profissional) e aprender a aprender.

Na Lumiar as competências estão relacionadas a psicomotricidade (movimentos e coordenação motora), à percepção (órgãos dos sentidos), ao pensamento (raciocínio, argumentação, decisão, escolha, imaginação, ação e memorização), á linguagem verbal (fala, leitura e escrita da língua materna e uma estrangeira), à matemática (operações básicas, linguagem algébrica, sistema numérico decimal e medidas), gestão da informação e do conhecimento (pesquisa e uso), comunicação e relacionamento interpessoal (comunicação oral e escrita, respeito e colaboração).

O horário das aulas também é diferente na Lumiar, pois há uma preocupação em buscar o melhor aproveitamento intelectual das crianças, além de melhor adequar o horário dos pais. Há uma flexibilidade e assim o horário de entrada de um aluno é estabelecido acordando a quantidade de horas contratadas pelo pais aliado aos horários dos projetos que a própria criança escolheu participar.

Nos primeiros dias, quando liberamos o horário para os pais - que apenas contratam um certo número de horas por dia -, os educadores ficavam aflitos com o acúmulo de carros que ocorreria as 7h45. Afinal, os pais têm de ir trabalhar, têm de deixar as crianças antes, não? Ledo engano. Temos uma meia dúzia de crianças que chega antes das 9 horas e quase todas chegam em tempo para o primeiro projeto de mestre que se comprometeram a assistir, às 10 horas. Pronto. Sem choro. Chegam e saem saltitantes do carro.

(pg 11 Texto: Pequena Escola de Liberdade)


Estrutura de funcionamento:


Princípios que compõem a estrutura de funcionamento da Lumiar:

I - CURRÍCULO POR MOSAICO


II - DEMOCRACIA NA GESTÃO PEDAGÓGICA


III - EDUCADORES E MESTRES (FIGURA DO PROFESSOR)


IV - EDUCAÇÃO POR PROJETOS

I - CURRÍCULO POR MOSAICO:


O Mosaico é um Sistema de Informações, cujo objetivo é permitir a Gestão Pedagógica da Escola
Lumiar que envolve: Matriz de Competências, Banco de Projetos e Portifólio de Aprendizagem.


Componentes do Mosaico:

  1. Matriz de Competências - define e descreve o que os alunos podem e devem aprender (currículo).

  2. Banco de Projetos – é uma base de dados acerca de projetos de aprendizagem que os alunos podem escolher (onde desenvolvem competências). A coordenação é realizada por pessoas da comunidade, que não possuam apenas uma das competências básicas da Matriz de Competência, mas também, que saibam compartilhá-las com paixão, podendo ser profissionais liberais, homens de negócio, artistas, trabalhadores ou mesmo pais de alunos. Qualquer pessoa que possua competências interessantes que gostariam de compartilhar com os alunos, com disposição para doar seu tempo durante curtos períodos (de duas semanas a dois meses), ajudando alunos interessados a dominar essas competências. O Banco de Projetos inclui uma descrição pormenorizada do projeto e das competências (incluindo as sub-competências), habilidades, conhecimentos, valores e atitudes que serão trabalhadas no processo. Ele também deve listar as pessoas que podem coordenar esse projeto, contendo informações sobre seu perfil pessoal e profissional.

  3. Portifólio de Aprendizagem – É um banco de dados da aprendizagem dos alunos descrevendo seu itinerário de aprendizagem dentro da Lumiar.

Composição do Portifólio de Aprendizagem:

  1. Avaliação inicial do aluno (ao ingressar na escola), detalhando quais competências já possui e em que nível as domina. Esta avaliação serve de base para o trabalho de aconselhamento ao aluno acerca dos tipos de projeto de aprendizagem que deverá desenvolver ao longo dos quatro bimestres do primeiro ano de escola.

  2. Listagem detalhada de todos os projetos de aprendizagem que o aluno vier a contratar (histórico).

  3. Avaliações bimestrais feitas pelos mestres e educadores sobre o desempenho dos alunos, sobre sua “inteligência social e emocional”, seu comportamento geral (especialmente com os projetos), suas atitudes (para com a vida, os outros, as coisas), seus valores e suas relações interpessoais (dados retirados de observações de todos os educadores e da Roda).

  4. Avaliação anual feita ao final dos Ciclos (Infantil, Fundamental I, Fundamental II e Médio) que deve conter uma análise detalhada do desenvolvimento do aluno que justifique o prosseguimento dos estudos no nível imediatamente superior, além das avaliações anuais do desempenho dos alunos com o resumo do desenvolvimento durante o ano.

  5. Registros periódicos e detalhados do desempenho do aluno, permitindo que se possa aferir seu progresso em sua aprendizagem.

  6. Registros da apropriação, por cada aluno, de conteúdos disciplinares envolvidos na execução dos projetos.

Mosaico digital:


O Mosaico Digital é o centro de um Sistema Virtual de Educação Lumiar, a ser disponibilizado através de um site, que, além de informações sobre a Lumiar, conterá a Matrix de Competências, o Banco de Projetos e o Portifólio de Aprendizagem dos Alunos. Qualquer escola ou qualquer professor poderá acessá-lo, podendo avaliar os projetos existentes, inserir novos projetos, etc.


Estrutura física/administrativa:

Estrutura física

A estrutura física da Lumiar é bastante diferente das escolas convencionais (onde os alunos são dispostos dentro de uma sala de aula, em carteiras enfileiradas, à espera das informações dos professores), há salas de aula (mas também espaços abertos), há carteiras (mas não enfileiradas), há mestres e educadores (mas estes são responsáveis por conduzir e não impor conhecimentos). Além disso, toda a mobília e espaços foram projetados para as crianças (inclusive os banheiros e as pias).

Em relação ao tipo de construção, as Escolas Lumiar (Bela Cintra e Lageado Bilíngüe) foram instaladas em casas que foram totalmente reformadas. Já a Lageado Municipal era uma escola infantil que já existia, porém estava sendo fechada por falta de alunos.
As paredes das três escolas são pintadas com cores claras, pois são muito utilizadas como “murais” na exposição de trabalhos e projetos. Na Lumiar Lageado Municipal (uma escola em meio a um ambiente rural), toda a sua decoração está baseada em animais do cotidiano das crianças e da natureza. Apenas sua fachada está pintada em duas cores fortes: verde e vermelho, que são as cores da prefeitura. Algo que caracteriza as escolas também é a transparência para com a comunidade. As escolas não possuem altos muros que impossibilitem a visão de quem passa por elas. São cercadas por alambrados ou cercas de madeira.

Estrutura administrativa
Quanto a sua estrutura administrativa, podemos citar:
Ricardo Semler : Presidente da Semco
Fernanda Ralston Semler : Presidente da Fundação Ralston/Semler.
Eduardo Chaves : Presidente do Instituto Lumiar e membro do Conselho Consultivo Internacional do programa "Partners in Learning", da Microsoft Corporation
Paloma Epprecht e Machado : Coordenadora da área pedagógica do Instituto.
Daniela Dupont: Gerente de Implantação do Instituto Lumiar
Estela Souza: Diretora do Instituto Lumiar (base na Inglaterra)

Por ser uma organização não governamental, o Instituto Lumiar tem a Fundação RALSTON/SEMLER como responsável pelo seu financiamento e pela manutenção de suas escolas próprias. Para levar o projeto adiante, o Instituto também conta com parcerias, principalmente com a Microsoft Informática Ltda. (subsidiária brasileira da Microsoft Corporation), através de sua área de Educação. A Microsoft Corporation criou, em 2003, uma iniciativa global chamada "Partners in Learning" ("Parceiros na Aprendizagem", no Brasil), que, em 2006, criou um programa global chamada "Innovative Schools Program" ("Programa Escolas Inovadoras", no Brasil). Dentro desse programa promoveu a seleção de escolas inovadoras no mundo inteiro, tendo escolhido, em Janeiro de 2007, doze escolas. As Escolas Lumiar de São Paulo e do Lageado (Escola Municipal conveniada) fazem para desse programa.
Outros parceiros do Instituto Lumiar são:
Intel Corporation (que doou quarenta laptops ClassMate)
Smart Board (que doou duas lousas digitais inteligentes)
Visual Class (que doou uma licença do software "Visual Class")
FutureKids (que doou quarenta e cinco licenças do software "Office for Kids")

4 comentários:

  1. Perfeitoooo! Ameii a idéia! Peço licença para usar o texto em um trabalho da faculdade, faço Psicologia na UNIP de São José do Rio Preto!

    Obrigada.

    Sucesso ao grupo.


    Abraço.


    Cáhh Chaves.

    ResponderExcluir
  2. Adorei as informações, espero que não se importe, pois peguei algumas informações para o meu blo da Faculda.

    ResponderExcluir
  3. Adorei o texto e usarei no meu trabalho da faculdade. Faço Pedagogia, e achei super completo sua matéria!

    ResponderExcluir

Realização Grupo: